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15 de março de 2009

ALIMENTAÇAO DE BEBES COM FISSURA-pesquisa

AVALIAÇÃO DA ALIMENTAÇÃO EM CRIANÇAS
COM FISSURA DE LÁBIO E/OU PALATO ATENDIDAS NO
HOSPITAL CONCEIÇÂO CRIANÇA DE PORTO ALEGRE
CERAC


As fissuras labiais ou labiopalatinas são um conjunto
de anormalidades na formação da face, que
incluem uma grande variedade de lesões, desde as
mais simples como a fi ssura de lábio até as mais
complexas como a fi ssura completa de lábio e palato.


Apesar das fi ssuras labiopalatinas por si só
não serem uma condição que compromete a vida
do recém-nascido, a deformação na face e a difi -
culdade para ingerir alimentos criam nos pais uma
grande preocupação .
A etiologia depende de fatores ambientais e
genéticos, podendo ocorrer isoladamente ou em
associação. Os fatores ambientais são os nutricionais,
tóxicos, infecciosos, o uso de medicamentos,
radiações ionizantes, estresse e tabagismo
materno, durante o período de formação do bebê.
Acredita-se, ainda, na infl uência de fatores genéticos,
pois mais da metade dos sujeitos com fi ssuras
apresenta familiares portadores dessa mesma alteração 

No Brasil, de acordo com o Centro de Atendimento
Integral ao Fissurado Lábio-Palatal, apesar
de não se ter muito investimento em pesquisas para

atualização dos dados, pode-se afirmar que, para
cada 1.000 nascimentos, duas crianças apresentam
fissura labiopalatina, sendo a mortalidade, no
primeiro ano de vida, em torno de 30% .
A alimentação do fi ssurado labiopalatino é, na
maioria das vezes, muito difícil, ainda mais se a família
não foi orientada. Os problemas mais comuns
são sucção inadequada por falta de pressão intraoral;
tempo de mamada prolongada e regurgitação 

Crianças com fissura pré-forame incisivo podem
não ter problemas alimentares, mas aquelas com
fi ssuras pós-forame ou transforame incisivo podem
apresentar dificuldades, por não conseguirem uma
pressão intra-oral adequada  A sucção insuficiente, vômitos e engasgos acontecem quando as mães são orientadas inadequadamente quanto ao melhor método de alimentar o recém-nascido fissurado.
Uma criança portadora de fissura labiopalatina
tem condições de movimentar a mandíbula ao
sugar o peito, apesar da pouca pressão intra-oral,
quando não apresentar outras alterações congênitas
associadas à fi ssura . A alimentação oral deve
ser estimulada precocemente, ou seja, logo após o
nascimento, acompanhada por nutricionistas, enfermeiras,
neonatologistas, fonoaudiólogos, e outros
membros da equipe; esses cuidados vêm aumentar
as chances de sucesso, de se alcançar melhores
condições possíveis de vida, possibilitando que,
mais brevemente, as interações corretivas sejam
realizadas com êxito, evitando futuras complicações.

Os métodos de alimentação necessários
para o recém-nascido fissurado são basicamente
os mesmos adotados para outros recém-nascidos
normais. A criança com fi ssura labiopalatina tem
o sistema nervoso íntegro e apresenta funções
e potencial de crescimento dentro da normalidade,
o que é exceção para algumas síndromes
ou quando a fi ssura vem acompanhada de outra
deformidade .
O fonoaudiólogo deve identificar os hábitos alimentares,
como o uso prolongado de mamadeira,
para detectar possíveis dificuldade no desenvolvimento
da alimentação de transição. Geralmente,
esses pacientes preferem alimentos mais pastosos
e umidificados para deglutição mais fácil e sem
muito esforço na mastigação. Além disso, eles
podem apresentar problemas oclusais que acabam
interferindo na mastigação e alterando também a
fala .
Considerando que o crescimento durante os primeiros
anos de vida é rápido, a infância é um dos
períodos mais críticos do ciclo de vida; que a alimentação
e nutrição são essenciais para que essas
crianças desenvolvam-se adequadamente e que,
segundo alguns estudos, a falta de orientações
adequadas sobre as particularidades alimentares

de cada criança fissurada torna muitas vezes a alimentação
um problema, justifiCa-se a investigação
aprofundada das características de alimentação
das crianças portadoras de fissura, com o intuito de
traçar melhores e mais eficientes estratégias para
garantir uma alimentação segura e saudável.
Portanto, este trabalho visa avaliar a alimentação
de crianças fissuradas Se descrever suas
características; verificar o tipo de alimentação dos
portadores de fissuras, as alterações do sistema
estomatognático e suas dificuldades alimentares

Dos 23 pacientes, dois (8,7%) usavam mamadeira
com bico ortodôntico e tinham até um ano de
idade, o que está de acordo com autores que afirmam
que os bicos de mamadeira mais adequados
são os ortodônticos, por serem curtos e anatômicos.
O furo deve ser graduado de acordo com o poder
de sucção que cada criança tem, sendo um tamanho
regular, indicado para intensifi car o movimento
de sucção. O bico é posicionado para parte anterior
da boca e com o furo voltado para cima, evitando
engasgos , ao contrário do que se encontra
entre os pacientes que usam mamadeira de bico
comum, pois, dos 23 pacientes, 15 (65,2%) usavam
bico comum, em idades superiores aos dois anos,
inclusive dois (33,3%) com mais de 5 anos. A retirada
da mamadeira deve acontecer entre um ano
e seis meses e dois anos de idade para que não
ocorram problemas dentários e musculares, ainda
mais em pacientes com sérias alterações como os
fissurados

As formas de alimentação atual verificadas
foram: três (13,0%) casos alimentavam-se no seio
materno, 14 (60,9%) na mamadeira, seis (26,1%)
com papas de fruta, três (13,0%) com papas de
legumes, seis (26,15%) com alimentos em pedaços
e 13 (56,5%) com alimentos sólidos. Verificou-se
que três (13,0%) casos liquidificavam os alimentos,
sete (30,4%) amassavam e 12 (52,2%) casos consumiam
os alimentos não processados.
Sobre os utensílios usados atualmente: dois
(8,7%) casos usavam mamadeira de bico ortodôntico
15 (65,2%) casos usavam mamadeira de bico
comum, 13 (56,5%) usavam copo, 17 (73,9%) usavam
colher e quatro (17,4%) outros tipos de utensílios,
como, por exemplo, garfo e faca,
dos 23 pacientes observa-se o uso da mamadeira
conforme a idade e o tipo de bico.
As maiores dificuldades alimentares relatadas
pelos responsáveis pelas crianças foram: seis
(26,1%) casos tinham difi culdade para sugar, 10
(43,5%) casos apresentavam engasgos, quatro
(17,4%) casos tinham difi culdade para deglutir, três
casos tinham difi culdade para mastigar (13,0%) e
12 casos tinham refluxo nasal (52,2%).

* CONCLUSÃO
A fissura transforame, mesmo sendo mais complexa,
não excluiu o aleitamento materno exclusivo;
porém, é mais difícil de acontecer.
Constatou-se que houve introdução de alimentação
pastosa entre 3 e 5 meses, considerada
precoce.

O uso da mamadeira com bico comum, acima
dos 36 meses, apresentou-se como hábito deletério
mais frequente.
As maiores difi culdades na alimentação das
crianças com fenda de lábio e /ou palato relatadas
pelas mães foram engasgos, refluxo nasal e difi culdade
de sugar.
As alterações das funções do sistema estomatognático
mais frequentes encontradas foram interposição
lingual importante na deglutição e mastigação
do tipo mascagem.
A atual pesquisa apresenta limitações de número
amostral, portanto, são sugeridas mais pesquisas
sobre as alterações de alimentação em indivíduos
com fissura labiopalatina sobre o padrão de mastigação
e deglutição, principalmente com crianças
acima de 3 anos de idade, faixa na qual os estudos
científicos são escassos.

 AGRADECIMENTOS
Agradecemos ao Dr. Paulo Sérgio Gonçalves da
Silva e à equipe do Hospital da Criança Conceição,
já que sem sua disponibilidade e colaboração, não
teria sido possível esta pesquisa.

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