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28 de janeiro de 2011

COMPLEXO DE ÉDIPO

A descoberta do órgão genital dá início ao Complexo de Édipo. O menino ao descobrir o pênis  cria a necessidade de buscar o objeto que permitirá a obtenção de prazer, ou seja, segundo Freud, um elemento do sexo oposto, neste caso, a Mãe.Porém, se tudo ocorre de maneira funcional, a criança "entende" que a mãe tem um outro "objeto de desejo" que é o seu pai. É quando acontece a "triangulação" ou a questão "edipiana".
Partindo da psicanálise, podemos afirmar que, esse é um período essencial para a estruturação da personalidade e a base da identidade das pessoas..
É uma fase complexa, confusa para a criança, embora o menino veja o pai como rival, pelo desejo que ele sente e a necessidade da atenção e proximidade com a mãe, ao mesmo tempo, precisa e quer o amor do pai, com quem se identifica. É nesse sentido que a mãe também passa a ser vista com rivalidade.
Nesta fase, acontece o primeiro choque entre Pai e Filho, pois é o Pai que faz e deve fazer esse rompimento acontecer, segundo Freud. O menino se vê em conflito, entre a internalização do pai e o desejo de ser como o pai, para ter uma mulher como a mãe.
Freud aponta que, neste momento, acontece a primeira identificação masculina, o que torna fundamental a presença de um pai amoroso, consciente do seu papel masculino e da vivência de um relacionamento equilibrado e afetivo entre o casal. É um momento de construção da identidade masculina do menino, na formação da sua personalidade.
Segundo Freud, mesmo na impossibilidade da presença do Pai, este corte deve feito  por outro homem, um referencial masculino como tio ou avô.
Outra situação ocorre quando o pai (sexo masculino) ocupa um papel feminino na relação do casal e a mãe (sexo feminino), ocupa um papel masculino, e nesse caso ela faz o corte, diante da inversão cultural de papéis, nos casos em que o casal aceita esta inversão e vive em harmonia, a própria mãe ao fazer o rompimento, por ser ela a que ocupa o papel masculino no relacionamento, acaba explicando ao filho que ela tem o seu namorado (que é o pai), não impedindo que o filho faça a identificação com o pai, devido a relação harmoniosa e afetiva que o filho vivencia. Mas, ao mesmo tempo, que o filho se identifica com o pai, ele busca na mãe, referenciais para a formação de sua identidade e personalidade, podendo se  tornar um homem com maior sensibilidade como o pai e buscará uma mulher para se relacionar que tenha características fortes como as da mãe. Ainda assim, é possível haver um equilíbrio no seu desenvolvimento afetivo-sexual.
No entanto, pode haver um Complexo de Édipo disfuncional, quando um casal vive uma relação na qual há a troca da função de papéis, mas esta não se dá de forma harmoniosa. Em casos assim, a mãe se sente visivelmente desconfortável na relação. A existência de conflitos entre o casal impede que o filho se identifique com o pai, ou seja, a própria mãe cria barreiras verbais ou não verbais que fazem com que o filho não queira ser como o pai. E então, o filho (sexo masculino) acaba por criar uma referência masculina a partir do papel exercido pela mãe, podendo buscar encontrar um outro homem (gênero masculino, mas com figura feminina), o papel feminino (como o pai), o que caracterizaria um complexo de Édipo disfuncional e truncado.
Quando o pai e a mãe não têm uma boa relação, pode ocorrer o Complexo de Édipo Disfuncional, ou seja, como o pai não tem desejo, afetividade ou satisfação dentro da sua relação afetiva ele não se importa com a atenção que a mãe dedica ao filho, ou seja, não faz o corte. Pois neste caso, não há um relacionamento homem/mulher, entre o pai e a mãe. O pai age como pai, irmão, e não como marido. E a mãe também não faz o corte, elegendo o filho ao papel de  parceiro  , como forma de  substituir a carência marital.
Essa ausência de afetividade entre o casal ou da ausência do papel de pai, pode gerar consequências na personalidade do menino, que futuramente poderá ter dificuldade de se relacionar com outra mulher, elegendo a mãe como foco na sua afetividade, e muitas vezes não se casar para cuidar da mãe. Ou apenas se relacionar com mulheres mais velhas, ou que tenham o perfil da mãe, ou que seja aprovada pela mãe. Uma mulher que não roube ele de sua mãe. Nem a mãe dele. E na ausência da mãe cuide dele como a mãe cuidava. Ou que seja para ele a mãe que ele não teve, e gostaria de ter. E pode inclusive, não ter um bom relacionamento sexual com a esposa por inconscientemente acreditar que estaria traindo sua mãe.
Quando a figura do pai é completamente ausente na relação, a tendência é a mãe deixar o filho ocupar o papel do masculino. E ela acaba por assumir dois papéis, o papel de mãe, mulher, e de pai do seu filho, querendo ensiná-lo a como ser homem.
Aqui entra uma polêmica sobre o homoerotismo, quando o filho seduz a mãe e não há a presença de outro homem para fazer o rompimento, segundo Freud, ele passa a se identificar com mãe, ou seja, a ter uma referência feminina na construção de sua identidade, criando uma barreira no relacionamento com mulheres, pelo fato de ter sido a mãe quem lhe ensinou a ser homem, ou conseguir se relacionar sexualmente com mulheres, mas não conseguir criar laços afetivos porque seu amor está centralizado na mãe.
Lacan sobre o Complexo de Édipo afirma também que a [...] a homossexualidade masculina seria então um disfuncionamento do segundo tempo do Édipo, que é essencialmente a inversão da metáfora paterna: é a màe que dita a lei ao pai. O pai como privador da mãe fracassa. O que tem como resultado: "é mamãe que o tem" (recusa da castração).
Ainda segundo Lacan, a formação do inconsciente, no Complexo de Édipo, se dá em 3 tempos. Num primeiro momento, a instância paterna se introduz de maneira velada. A criança busca, como desejo de desejo, poder satisfazer o desejo da mãe, o objeto de desejo da mãe.
Já num segundo momento, no plano imaginário, o pai intervém como privador da mãe, se afirmando em sua presença privadora de forma mediada pela mãe, que é quem o instaura como aquele que lhe faz a lei. O caráter decisivo do Édipo deve ser isolado com a palavra do pai.
 E no terceiro momento, o menino entende que o pai pode dar a mãe o que ela deseja, porque o possui. Aqui intervém a potência no sentido genital da palavra. É a saída do Édipo, onde se faz a identificação com o pai.
Um dos motivos que contribui para a superação do complexo de Édipo é o medo da castração. Assim, o menino pensa que a menina não possui o falo porque fora mutilada pelo pai que se torna temido e admirado pelo filho por seu poder e força, o que culmina na identificação com o pai que permite a superação deste conflito superando o complexo de Édipo.
Se no menino é o temor da castração que permite a superação do complexo de Édipo, na menina é pela ideia de castração que inicia o complexo de Electra. Mas sobre o complexo de Electra abordaremos num próximo post.
Finalizando Se os pais e as pessoas de maneira geral soubessem o quanto a relação afetiva que as crianças vivenciam na infância é importante para a construção de sua identidade pessoal, social e sexual, tratariam de conhecer melhor como se dá esse processo de desenvolvimento, pois quando uma criança cresce dentro de um relacionamento disfuncional, seja, por troca de papéis, seja pelo aspecto afetivo esse processo não completa. Como afirma Chauí (2000, p.170):
A vida psíquica dá sentido e coloração afetivo -sexual a todos os objetos e todas  as pessoas que nos rodeiam e entre os quais vivemos. Por isso, sem que saibamos por que, desejamos e amamos certas coisas e pessoas, odiamos e tememos outras. As coisas e os outros são investidos por nosso inconsciente com cargas afetivas de libido. É por esse motivo que certas coisas, certos sons, certas cores, certos animais, certas situações nos enchem de pavor, enquanto outras nos enchem de bem-estar, sem que o possamos explicar. A origem das simpatias e antipatias, amores e ódios, medos e prazeres está em nossa mais tenra infância, em geral nos primeiros meses e anos de nossa vida, quando se formam as relações afetivas fundamentais e o complexo de Édipo.
A forma como exercemos nossos papéis afetivo-sexuais com nossos companheiros e com nossos filhos podem marcá-los positiva ou negativamente para o resto de suas vidas. Lamentavelmente, os pais por não compreenderem o desenvolvimento da sexualidade e nem mesmo o que é sexualidade, acabam por transmitir aos filhos preconceitos, tabus, dogmas, angústias, frustrações e neuroses enraizadas em sua formação para os próprios filhos.
Como pais, temos que ter com nossos filhos um relacionamento pautado na afetividade, confiança, respeito e buscar compreender e esclarecer sempre as curiosidades  das crianças para que esta possa viver sua sexualidade de maneira saudável, prazerosa, tranqüila, prazerosa, equilibrada, responsável e afetiva.
E para finalizar lhes digo: se faltarem palavras quando seus filhos fizerem uma pergunta sobre sexualidade ou sexo, ou sobre qualquer outro tema, respirem fundo, e busquem estas em seus corações, e respondam de maneira simples e amorosa, com naturalidade e sinceridade, pois lembrem-se que, as crianças são os seres mais sensitivos e perceptivos, e vão sentir como e o que você lhes disser.
 link:
http://educacaoesexualidadeprofclaudiabonfim.blogspot.com/2010/10/complexo-de-edipo-fases-do.html

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